O dia 17 de abril é uma data emblemática para todos que lutam pelos direitos da população do campo. Foi nesta data, em 1966, que 19 trabalhadores rurais sem-terra foram mortos pela Polícia Militar no estado do Pará. Bravos homens que tiveram suas vidas ceifadas enquanto lutavam por uma mais justa distribuição de terras e pelo combate à pobreza no campo. Esse triste episódio expôs para todo o país a violência sofrida por homens e mulheres que lutam por mais direitos no campo. Em consequência disso, em 2002, foi instituído o dia 17 de Abril como o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores do Campo.
Assim, a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Espírito Santo (FETAES), junto às demais entidades e movimentos sociais do campo, relembram esta data realizando manifestos em todo o país, a fim de pressionar o governo a priorizar a pauta da Reforma Agrária e dos demais direitos e políticas da população rural. Além disso, honramos a memória daqueles que perderam suas vidas na luta pela terra.
A situação dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais não se difere da situação da classe trabalhadora em geral, no nosso país, que luta contra o desemprego, por melhorias na saúde, na educação, na habitação, por garantias previdenciárias, por salários dignos, pela erradicação do trabalho infantil e escravo, por respeito à autodeterminação dos povos indígenas e pela preservação do meio ambiente; e que deseja ter melhor qualidade de vida, de poder trabalhar, plantar e colher alimentos saudáveis e de qualidade, e de ter condições dignas de permanecer no campo.
Os/As trabalhadores/as do campo produzem a maior parte dos alimentos que chegam à mesa de toda a população, diariamente. Mas seguem enfrentando muitos retrocessos, com a perda de direitos e a criminalização quando se trata da luta pela terra. Terra esta que está concentrada nas mãos de 1% da população e coloca os trabalhadores e as trabalhadoras do campo na triste situação de não ter terra para plantar.
Por isso a FETAES se mobiliza em torno dessas questões e na busca da implementação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS), para que haja uma real implementação nos territórios, que sejam garantidos à população do campo o acesso a terra e aos direitos básicos, como saúde e educação, assim como um crescimento econômico com justiça, participação social e preservação ambiental, possibilitando a construção da cidadania, de forma que as questões econômicas estejam articuladas às questões sociais, culturais, políticas, ambientais e às relações sociais de gênero, geração, raça e etnia.
Justiça social significa, então, que aqueles e aquelas que alimentam o mundo vivam em condições dignas e em paz no campo, sem serem julgados/as por defenderem seus direitos e territórios. Portanto, para que todos esses direitos da população do campo sejam alcançados e tornem-se realidade e a felicidade deixe de ser uma fantasia, é preciso lutar. Apesar dos muitos anos de luta e representatividade da FETAES por esses objetivos, a distribuição injusta da terra e o empobrecimento do campo persistem.
Então, façamos um chamamento para que este Dia Internacional das Lutas dos/as Trabalhadores/as do Campo seja sempre lembrado como forma de reivindicar e continuar trabalhando com luta e resistência, porque os direitos dos/as trabalhadores/as do campo não podem ser substituídos por políticas públicas baseadas nos interesses do mercado global e do agronegócio.