A região Nordeste lidera a rejeição ao governo Bolsonaro. Segundo pesquisa divulgada ontem pelo instituto MDA em parceria com a CNT, os números saltaram de 28,5%, balanço registrado em fevereiro, para 65,3% – ou seja, mais que o dobro. O uso constante de palavras ofensivas e comentários inadequados foi citado por 30,6% dos brasileiros entrevistados como as piores ações do governo.
POLÊMICAS
Em julho, sem perceber que o seu microfone estava aberto, o
presidente Jair Bolsonaro atacou os governadores nordestinos se referindo à
região como ‘paraíbas’. Bolsonaro comentou com o ministro da Casa Civil,
Onyx Lorenzoni: ‘Daqueles governadores de ‘Paraíba’, o pior é do Maranhão. Não
tem que ter nada com esse cara’.
Em resposta, os governadores da região assinaram uma carta de repúdio às
declarações do presidente. No Senado, o pernambucano Humberto Costa (PT) já
havia advertido no plenário que os ‘atos discriminatórios’ contra a região
‘podem redundar em um processo por crime de responsabilidade contra o presidente’.
REPROVAÇÃO NACIONAL
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) é avaliado como ruim ou péssimo por 39,5% dos brasileiros. Em fevereiro, esse índice era de 19% – ou seja, houve uma elevação de pouco mais de 20 pontos percentuais em seis meses. O levantamento indica ainda que 29,4% consideram o governo ótimo ou bom e 29,1%, regular. Não souberam ou não responderam 2% dos entrevistados. Em fevereiro, esses índices eram de 39%, 29% e 13%, respectivamente. A reprovação ao desempenho pessoal de Bolsonaro também cresceu no período para 53,7% em agosto, ante 28,2% em fevereiro. Já a taxa de aprovação do mandatário caiu de 57,5% para 41%.
Em relação a agendas específicas do governo, a mais rejeitada foram os decretos de liberação de posse e porte de arma de fogo (39,1%), seguida pelo uso constante de palavras ofensivas e comentários inadequados (30,6%). O congelamento de verbas aplicadas na educação foi lembrado por 28,2%.
A pesquisa CNT/MDA mostra que a maioria dos entrevistados reprova o fato de o presidente querer indicar o seu próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PS- L-SP), para a vaga de embaixador do país em Washington. De acordo com o levantamento, 72,7% dos entrevistados disseram considerar a postura de Bolsonaro inadequada. Já 21,8% responderam o contrário, enquanto 5,5% não emitiram opinião.
O parlamentar ainda será sabatinado na Comissão de Relações Exteriores do Senado e terá que ser aprovado pelo plenário da Casa. Nos bastidores, ele e o pai têm negociado com os congressistas para minimizar o risco de derrota. O presidente já confirmou a indicação de Eduardo, mas só pretende oficializá-la em mensagem enviada ao Congresso quando a costura for efetivada de modo que a vitória seja certa. “Não quero submeter o meu filho a um fracasso”, disse Bolsonaro na semana passada.