INSS vai revisar mais de 800 mil aposentadorias por invalidez em 2025

INSS vai revisar mais de 800 mil aposentadorias por invalidez em 2025

Processo será voltado para beneficiários que não realizaram a perícia médica há mais de dois anos. A previsão é de que o processo ocorra ainda no primeiro semestre deste ano.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou recentemente que revisará cerca de 802 mil aposentadorias por incapacidade permanente em todo o Brasil. Essa medida tem como objetivo verificar possíveis irregularidades nos benefícios e garantir que apenas os que estão dentro dos critérios continuem recebendo o auxílio. A iniciativa de revisão dos benefícios deve gerar uma economia de R$ 5,5 bilhões para o governo federal.

Serão convocadas as pessoas que recebem por incapacidade permanente e não fazem uma perícia médica há mais de dois anos. Esse tipo de aposentadoria é dada quando o beneficiário é incapaz de exercer qualquer atividade laboral e que também não possa ser reabilitado em outra profissão, de acordo com o parecer da Perícia Médica Federal realizada no INSS. A previsão é que esse “pente-fino” ocorra ainda no primeiro semestre deste ano. 

Identificação de fraudes

O advogado Previdenciário e Trabalhista, Rômulo Saraiva, explica que essa revisão deve ser feita com periodicidade para que fraudes possam ser identificadas. “De tempos em tempos, o INSS tem a obrigação legal de ficar avaliando se essas pessoas estão doentes mesmo, sem condições de trabalhar ou se já ficaram boas, pois acontecem muitas fraudes aqui no Brasil. Porém, o INSS não costuma fazer isso dentro do prazo”, aponta o advogado. 

Ainda de acordo o advogado, de acordo com a legislação, a previsão periódica é que a cada dois anos essa verificação deve ser feita. “No ano passado ia ser feita essa revisão e não foi feita porque teve greve dos peritos médicos e dos servidores administrativos do INSS. Como as greves atrasaram o processo em 2024, a ideia é o governo acelerar o passo para fazer a operação pente-fino nesse primeiro semestre”, destaca Rômulo. 

A advogada trabalhista Nayara Castro alerta que o benefício não será suspenso inicialmente. “O Governo vai fazer esse pente-fino com o objetivo de buscar as pessoas que estão recebendo indevidamente. Lembrando, não vai haver o corte logo da aposentadoria. Isso só vai acontecer se a pessoa for convocada para fazer a perícia médica e ela não fizer o processo. A convocação será feita através do Meu INSS ou do 135, então a pessoa tem que prestar atenção a esses dois meios”, afirma.

Nayara detalha ainda alguns perfis de aposentados que não devem ser convocados pelo INSS. “Quem está recebendo o benefício porque é HIV, quem está recebendo esse benefício e já tem 55 anos ou mais, mas está recebendo o benefício por 15 anos no mínimo e quem já tem 60 anos ou mais não devem ser chamados”, aponta. 

O que fazer se o benefício for suspenso?

Rômulo Saraiva explica que o aposentado deve se preparar, de forma preventiva, providenciando um laudo médico recente informando a doença, atestando que atualmente ele continua incapaz e por quanto tempo deve ficar afastado. “Quando o médico perito for examinar, ele não quer saber se a pessoa está doente há três anos, quer saber se ela está doente hoje para confirmar se você vai continuar recebendo benefício ou não”, explica.

Caso o aposentado seja chamado pela perícia, ele pode apresentar esse laudo. “Se mesmo assim o benefício for derrubado, ele pode recorrer administrativamente para restabelecer o pagamento dele ou pode já levar o caso para a justiça”, detalha o advogado. 

Já havendo indício de fraude por parte do aposentado, o benefício é cessado, e caso sejam identificados documentos falsos, é instalado um processo administrativo para que a pessoa também devolva as parcelas recebidas.  

Direitos do beneficiário durante a revisão

De acordo com o advogado previdenciário, durante esse processo de revisão, o beneficiário deve ser avaliado da melhor forma possível, para que a perícia médica não seja feita de forma superficial. “A consulta com o médico deve ser completa para que seja investigado realmente se a pessoa realmente está incapacitada, inclusive com a avaliação física. Muitas vezes o que acontece é que o médico mal olha a documentação e já tem uma opinião sobre aquela pessoa. Isso termina gerando a injustiça de ter o benefício cortado erradamente. A perícia devia ser mais investigativa e isso nem sempre acontece”, alerta. 

Beneficiário deve procurar suporte jurídico confiável

Por fim, o advogado orienta que para evitar cair em golpes, o beneficiário deve sempre procurar um profissional de confiança, verificar na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se realmente essa pessoa atua na área. Além disso, em caso de baixa renda, o beneficiário também pode obter suporte gratuito pela Defensoria Pública da União (DPU).