A falta de oportunidades leva a uma desigualdade social em Pernambuco. Pretos e pardos despontam com menos oportunidades de formação escolar e, consequentemente, o resultado acaba reverberando nas oportunidades profissionais, de rendimento e condições de moradia. No mercado de trabalho do estado, desemprego e a subutilização atingem mais a população preta ou parda. No ano passado, 16,1% das pessoas estavam desocupadas, sendo 13,1% brancas e 17,5%, pretas ou pardas. Além disso, 32,2% da força de trabalho do estado estava subutilizada, sendo que 29,2% se autodeclararam brancos e 34,2%, pretos ou pardos. Os dados são do estudo Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Fernanda Estelita, gerente de Planejamento e Gestão do
IBGE em Pernambuco, todo o círculo é sintomático por conta da questão de
oportunidade de formação. “As oportunidades vêm através da educação e
ainda vemos que elas são menores para os pretos e pardos, o que acaba
reverberando no mercado de trabalho, nos rendimentos e na moradia. Em
Pernambuco, 58,9% dos alunos do nono ano, que estão na faixa dos 14 anos, estão
em escolas situadas em áreas de risco. Entre os brancos, são 50,7% e sobe para
62,6% entre pretos e pardos. Se começa com dificuldade de acesso à escola, isso
influencia nas condições de oportunidades”, explica.
Além das oportunidades de empregos, as desigualdades sociais também refletem
nos rendimentos em Pernambuco. As pessoas ocupadas com idade de 14 ou mais anos
tiveram rendimento médio real habitual do trabalho principal de R$ 1.529. Desse
valor, os brancos receberam R$ 1.865 e os pretos os pardos R$ 1.356, em média.
O valor médio na ocupação formal foi de R$ 2.165, sendo R$ 2.559 para brancos e
R$ 1.936 para pretos ou pardos. Já a média de rendimentos para ocupações
informais foi de R$ 909, sendo R$ 1.081 para brancos e R$ 831 para negros.
Na distinção por sexo, em Pernambuco, os homens brancos ganharam R$ 1.096,
contra R$ 744 dos homens pretos ou pardos. Já as mulheres brancas receberam R$
1.116, enquanto as negras e pardas tiveram rendimento, em média, de R$ 727. Na
proporção, os homens pardos ganharam 67,8% dos homens brancos. Já as mulheres
brancas receberam um pouco mais do que os homens brancos, a uma razão de
108,8%. Já as mulheres pretas ou pardas tiveram rendimento de 66,3% dos homens
brancos.
Os rendimentos mais baixos para pretos e pardos também acabam refletindo nas
condições de moradia. No Recife, 22,8% da população mora nos aglomerados subnormais,
ou seja, em assentamentos urbanos de ocupação irregular conhecidos como
favelas, invasões, comunidades, palafitas e similares. Desse percentual, 27,9%
dos pretos e pardos vivem nesses locais, contra 16% de brancos. “Se não
tem acesso a um trabalho digno, não consegue morar em um local digno. E, no
contexto geral, se não frear essa disparidade, a distância vai aumentar”,
conclui Fernanda Estelita.