Pesquisa detecta aumento das temperaturas máximas em Pernambuco

Pesquisa detecta aumento das temperaturas máximas em Pernambuco

Extinção de espécies, aumento da temperatura e do nível do mar e derretimento de geleiras. As mudanças climáticas estão em curso no mundo todo e já têm impactos significativos no Brasil.  Nesta terça-feira (16) é celebrado o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas, em Pernambuco, uma pesquisa realizada pela climatóloga Francis Lacerda, revela que as consequências dessa mudança foram detectadas no aumento das temperaturas máximas e mínimas em todo o estado. 

Intitulada “Tendências de temperatura e precipitação e cenários de mudanças climáticas de longo prazo no Nordeste do Brasil e em ilhas oceânicas”, a pesquisa também revela outras alterações importantes como, por exemplo, a diminuição de chuva e a diminuição na quantidade de umidade no solo. Ou seja, Pernambuco vem perdendo a capacidade de reter água na terra. Isso se deve também pelo desmatamento acelerado da Caatinga e da Mata Atlântica no estado. Devido a essa alteração no ciclo hidrológico, que é o ciclo natural que faz a água circular entre a terra e a atmosfera, Pernambuco tem enfrentado períodos de seca mais longos com mais frequência, principalmente no interior do estado.

Em lugares do Agreste e Sertão do estado pernambucanos, como Araripina e Caruaru, foram registrados não só o aumento da temperatura máxima, como também a diminuição da mínima, um cenário preocupante, como avalia Francis Lacerda: “Isso revela um comportamento de regiões desérticas. Existem áreas em Pernambuco onde a desertificação vem avançando mais rápido que o normal por causa das mudanças climáticas”. O aumento de temperatura em Araripe, no município de Exu, evolui cerca de um grau a cada década, chegando a quase 5°C durante o histórico de temperatura de 50 anos avaliado no estudo.

Para Francis, a resposta precisa ser efetiva: a conversa não é sobre mitigação dos efeitos, mas sim, sobre adaptação. “Devemos implementar técnicas de adaptação às mudanças climáticas. Precisamos começar a discutir a adaptação. É preciso também que o plano estadual seja atualizado e posto em prática, principalmente no que se diz respeito à adaptação às mudanças do clima e como seria essa adaptação.” explica a pesquisadora.

Uma das propostas de adaptações possíveis é aproveitar, com responsabilidade, o potencial da Caatinga, principalmente das plantas nativas, como aponta a climatóloga: “Está na hora da gente parar de olhar para um sistema de produção que não privilegia as nossas potencialidades e partir para um novo. Reconhecendo o potencial e ampliando os estudos para as plantas que ainda existem, já que muitas foram extintas e algumas já estão na esteira da extinção. É possível pequenas unidades de produção de alimentos, água e energia e liberar áreas para o replantio da caatinga”, aponta a especialista.

Mas o que são mudanças climáticas?

Existe diferença entre aquecimento global, efeito estufa e mudanças climáticas. De acordo com a WWF-Brasil, o efeito estufa é uma camada natural de gases que cobre a terra, formada principalmente por gás carbônico (CO²), metano (CH4), N²O (óxido nitroso) e vapor d’água, e impede que o planeta se torne extremamente frio. Enquanto o aquecimento global é sobre o aumento da temperatura na Terra pela alta taxa desses gases do efeito estufa, as mudanças climáticas embarcam não só esse aumento como outros efeitos que ele causa, como períodos de seca recorrentes, derretimento de geleiras e inundações. Englobam não só alterações humanas como também naturais. Com informações Diário de Pernambuco.