Baixa cobertura vacinal entre gestantes e crianças em PE preocupa especialistas
Baixa cobertura vacinal entre gestantes e crianças em PE preocupa especialistas

Baixa cobertura vacinal entre gestantes e crianças em PE preocupa especialistas

Em Pernambuco, a cobertura vacinal está em 89,5% em menores de 1 ano. Entre gestantes, a situação preocupa mais, pois tem taxa de 70%. Adesão deveria ser de 95%

Uma infecção bacteriana grave, fatal em 5% a 10% dos casos, tem preocupado autoridades sanitárias brasileiras: a difteria. Ontem a Organização Pan-Americana da Saúde recomendou que pessoas que viajarão para o Haiti e a Venezuela estejam com a vacinação em dia. Na sexta (18), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já havia recomendado aumentar o número de pessoas vacinadas em todo o Brasil.

A advertência foi feita em visita a Pacaraima (RR), na fronteira com a Venezuela, o país vive surto desde 2016, com 1.559 casos confirmados até agora, com 270 mortes. “Com a entrada de venezuelanos e o nível baixo de vacina, houve epidemia de sarampo. Se tivermos a nossa população consciente, mesmo que um caso esporádico (de difteria) entre, podemos fazer um isolamento e impedir surtos. ”

O cenário requer cautela em Pernambuco: em 2018, a cobertura vacinal para difteria, que deveria ser de 95%, ou em 89,5% entre os menores de 1 ano. No grupo das gestantes, a situação é preocupa mais, pois tem taxa de 70% (25 pontos percentuais abaixo da meta). Um detalhe é que a vacina contra difteria também protege de coqueluche e tétano.

Assim, quem não está imunizado fica susceptível às três doenças. “Uma só pessoa desprotegida é o suficiente para as doenças (como difteria e coqueluche) se disseminarem. Agora, por exemplo, estamos às vésperas do Carnaval, quando o Estado recebe um grande fluxo de pessoas. Com a cobertura abaixo da meta, o risco de aparecimento de casos existe”, orienta a coordenadora do Programa Estadual de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Catarina de Melo.

Em Pernambuco, o último caso da doença aconteceu no ano passado: um adolescente, de 18 anos, residente em Salgueiro, no Sertão, teve a infecção. Em 2017, não houve casos e, em 2016, uma bebê menor de 1 ano, moradora de São Lourenço da Mata, no Grande Recife, teve difteria. Como o Brasil apresentou redução na incidência da difteria por causa da ampliação das coberturas vacinais, a doença se tornou rara.

“O quadro clínico não é muito claro, e os médicos jovens não acompanharam casos da infecção. Diante de uma pessoa com sintomas atípicos nos dias de hoje, pode existir dualidade no diagnóstico”, diz o infectologista Paulo Sérgio Ramos, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador da Fiocruz Pernambuco. Sem detecção precoce da doença, perde-se a oportunidade de fazer bloqueio vacinal em tempo oportuno

É fundamental reforçar a necessidade da imunização para prevenir também o adoecimento e as complicações da coqueluche, que acometeu pelo menos 200 pessoas (169 casos em menores de 5 anos), em 2018, no Estado. Especialistas se preocupam também com a baixa adesão à vacina dTpa (protege contra difteria, tétano e coqueluche) entre as gestantes. Ao ser imunizada, a mulher grávida transfere anticorpos ao bebê, que ca protegido até completar o esquema vacinal. A analista financeira Amanda Gabriela da Silva, 33, está na segunda gestação, à espera de Matheus. “Já tenho um menino de 3 anos, Samuel, e tomei a dTpa quando estava grávida dele. Agora, repeti a dose porque sei que é importante”, conta Amanda, que também não deixa a caderneta de Samuel desatualizada. “Essa prevenção é essencial”, destaca.

Fonte: Ministério da Saúde