O encontro entre Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, que serviu para o presidente voltar atrás na posição de flexibilizar a regra do teto de gastos, ajudou os dois a alinharem o discurso. Na conversa, Bolsonaro se disse “agoniado” por estar “amarrado à política econômica”, segundo seus auxiliares. Ele afirmou à equipe do ministro da Economia que teme o “risco de o governo morrer por inanição”.
Bolsonaro tem sido pressionado pelos políticos para que atenda as demandas regionais, mas não encontra espaço no Orçamento de nenhum ministério. Embora tenha entendido e concordado com a posição de Guedes de manter inalterado o teto de gastos, quer que as medidas para aumentar o espaço das despesas discricionárias, que tratam de investimento e custeio da máquina sejam apresentadas o mais rápido possível.
O timing do presidente e o do ministro da Economia são diferentes. Enquanto Guedes pensava em buscar uma solução só no ano que vem, Bolsonaro vê a necessidade de tirar a Esplanada do arrocho fiscal ainda este ano. O bloqueio orçamentário de R$ 34 bilhões já paralisa as atividades de alguns ministérios.
Auxiliares de Bolsonaro compararam a situação atual à de um hospital que tem uma ambulância parada no pátio, mas deixa o doente morrer sem transportá-lo para outro local que lhe dê atendimento simplesmente porque existe uma proibição de usá-la. Com esse raciocínio, o presidente tenta convencer a equipe econômica de que a solução tem de ser rápida porque “a chiadeira” está grande.
A conversa entre os dois, no gabinete de Guedes, aconteceu logo após o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, ter reiterado as falas de Bolsonaro criticando o teto de gastos. Rêgo Barros chegou a dizer que o presidente tinha encomendado ao ministro estudo para ajustar o teto, criado no governo do ex-presidente Michel Temer.
No Planalto, fontes disseram que o porta-voz não teria sido devidamente preparado para falar sobre o tema, o que ampliou o problema embora o próprio Bolsonaro tenha dito, pela manhã, que rever o teto era “questão de matemática”. O presidente foi questionado depois de o Estado revelar que havia pressão da Casa Civil e da ala militar para que a regra fosse afrouxada.
Junção de ministérios. Nas conversas sobre o que pode ser feito para aliviar o Orçamento chegou a ser sugerida, e imediatamente descartada, a possibilidade de redução de três ministérios, unindo-os. Foi rejeitada pela economia pífia que poderia gerar e pelos problemas políticos que desencadeariam.
Para mostrar o tanto que está sendo pressionado e que é preciso encontrar uma solução rápida, Bolsonaro tem lembrado que recebeu a bancada de Santa Catarina para um café da manhã, quando foi pedido recursos para completar obras em estradas importantes do Estado, e considerou a reivindicação justa e viável de ser atendida.
No entanto, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, o alertou de que não teria como atender ao pedido, mesmo em 2020. Para Bolsonaro, a equipe econômica não pode ser tão inflexível e precisa ajudá-lo a garantir uma margem para atender às demandas políticas.
Com informações Diário de Pernambuco