Influencers acusadas de racismo têm redes sociais bloqueadas pela Justiça

Influencers acusadas de racismo têm redes sociais bloqueadas pela Justiça

As redes sociais das influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves foram bloqueadas por determinação judicial, em decorrência de um inquérito aberto que apura a prática de racismo criativo em um vídeo em que elas entregam de presente uma banana e um macaco de pelúcia para duas crianças negras. A determinação foi feita pela Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. 

Na decisão judicial, o bloqueio abrange os perfis delas no Youtube, Instagram e TikTok pelo prazo de seis meses — a dupla reúne mais de 14 milhões de seguidores nas redes citadas. Também foi proibido a criação de outros perfis, bem como usar perfis de terceiros para se apresentarem. Elas também devem remover das contas todos os vídeos que violem os direitos infantojuvenis. O descumprimento da determinação causará multa diária de R$ 5 mil. 

A Justiça considerou que “as imagens publicadas nas redes sociais das requeridas, as quais oferecem como ‘presentes’ para as crianças bananas e um macaco de pelúcia, filmando suas reações, expõem menores a situação vexatória e degradante”. O texto da 1ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude de São Gonçalo justifica o bloqueio, também, pela presença de diversas crianças, adolescentes e idosos em vídeos nos perfis da dupla.

Vale lembrar que o vídeo analisado pela Justiça também está sendo apurado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e foi denunciado por quase mil pessoas ao Ministério Público. O caso ganhou repercussão após a denúncia da advogada especialista em direito antidiscriminatório Fayda Belo, que expos a ação das influenciadoras e as acusou de racismo recreativo. 

Pronunciamento das influenciadoras

A dupla não comentou a decisão do bloqueio. Os perfis ainda estavam disponíveis às 14h49 desta quarta-feira (14/6) — horário da publicação desta matéria. No entanto, as influenciadoras comentaram o assunto em 31 de maio, dias após o vídeo viralizar junto às críticas. Kerollen e Nancy se pronunciaram nas redes sociais por meio de assessoria jurídica e negaram que o vídeo tinha objetivo de ofender.

“A assessoria jurídica reconhece a seriedade e a importância de tratar o assunto com o responsabilidade e diligência. A assessoria jurídica ressalta que as influenciadoras, estão consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial. Reforçam ainda o compromisso em promover a inclusão, diversidade e igualdade em suas plataformas”, diz um trecho da nota.

“Ressaltam que naquele contexto não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias. Nada disso estava em pauta. Sendo assim, gostariam de se dirigir às pessoas que se sentiram diretamente atingidas, para dizer que não tiveram intenção de as ofender individualmente, nem como gênero, etnia, classe ou categoria a que elas pertençam”, destaca a Assessoria Jurídica das influenciadoras.

“Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão à disposição para dialogar com as partes afetadas, organizações de defesa dos direitos humanos e demais envolvidos”, finaliza a nota.